sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Dances with wolves - (1990) - Kevin Costner

Dances with wolves - (1990) - Kevin Costner

Faz um tempo, acho que uns dois meses. Estava em casa no sábado à noite de bobeira e descobri que ia passar na TV um filme que eu não via há uns 15 anos. Dança com lobos. Resolvi assistir, começava bem tarde e eu sabia que o filme era longo, mas resolvi encarar, afinal, minhas lembranças sobre ele eram boas. Tempos nostálgicos, quem se lembra? Início dos anos 90. Fim da minha infância, início da adolescência. Na MTV, Guns and Roses, REM e Nirvana. Dentre os filmes, Dança com lobos foi dos mais marcantes.


Assisti com o mesmo sentimento de alguém que leu um livro bom há muito tempo atrás: redescobri, experimentei novamente sensações belas e agradáveis. Um belo filme, bela estória.


Um tanto rousseaísta, não acham?


Pois bem.. Por quê?


Primeiro: é uma declaração de guerra contra a civilização ocidental (européia). Todos os seus (nossos) valores são degradantes, conduzem-nos ao mal da vida social. Os homens brancos ocidentais europeus são mostrados como seres corruptos, malvados, degradados.... escrotos. Atuam pela sede de poder, pela sede de obter cada vez mais terras, propriedades, etc. Isto não é rousseaísta? Lembram da teoria: a desigualdade nasceu com a propriedade privada? Ou seria a corrupção humana?


Em contraposição a este estilo corrompido de vida aparecem os bons selvagens: uma comunidade de nativos americanos, que vivem em harmonia com a natureza, com seus costumes milenares, sua retidão moral, sua sabedoria, carisma, sofrimento diante da invasão branca e honestidade.


Entre ambas as civilizações está um homem. O protagonista. Homem branco, solitário, - como Rousseau, o caminhante solitário? - um militar que escolhe um posto no meio do nada para fazer guarda durante a guerra. Entra em contato com essa bela tribo de índios. Em pouco tempo se torna seus amigos. Com o tempo, sem a companhia da sua civilização branca, ele adentra no cerne da cultura indígena, percebendo que seus valores, sua relação com o meio, com a vida, é totalmente diferente da civilização branca ocidental. Os "bons selvagens" não guerreiam por propriedades. Os "bons selvagens" não matam por maldade, prazer ou esporte. Os "bons selvagens" respeitam a terra, a natureza, e, sobretudo, respeitam uns aos outros. Não há maldade, corrupção.


O homem branco, solitário, acaba se tornando um deles, adquirindo sua cultura, pois percebe sua supremacia moral. Acaba por desprezar todos os seus valores anteriores, ganha um nome índio, luta com os índios, contra uma tribo rival sanguinária. Mas mesmo os sanguinários não são maus por natureza, são famintos, mortos-de-fome, como animais selvagens, tentam utilizar a força para abater sua caça.


Um belo filme. Embebido de Rousseau, o que pode soar como romântico e idealista. Entretanto, se lembrarmos de Protágoras, tudo se justifica: o homem é a medida de todas as coisas.