sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Breakfast at Tiffany’s - Blake Edwards - 1961



Breakfast at Tiffany’s (Bonequinha de Luxo) – Blake Edwards - 1961

Garota idiotinha busca um milionário para casar. Um retrato ingênuo, romântico e hollywoodiano da ideologia do sonho americano. Em resumo: a busca do rico e encantado príncipe. Sinceramente, esperava mais de uma história de Truman Capote. Aliás, não sei se é possível julgar a história pelo filme, pois os filmes inspirados em livros, geralmente, são muito inferiores à obra primária.
O que salva no filme? A música Moonriver, uma bela melodia. A adorável interpretação de Audrey, apesar de sua personagem ser um serzinho tolo e detestável, enfim... É apenas mais um dos milhões de filmes da Indústria Norte-Americana.
Podemos até elogiar o artifício utilizado para a narrativa: o suspense inicial em torno da personagem principal, a revelação súbita de sua verdadeira identidade, que nos dá a falsa impressão de que a história tomará uma direção menos convencional. Não. Tudo acontece como deveria acontecer: um final feliz e suspiros da platéia. Em suma: um filme abobalhado, com um glamour forçado, e um sorriso bonito, o de Audrey. Nada que não encontremos nas novelas diárias da Rede Bobo de Televisão.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Teorema – Pasolini – 1968

Teorema – Pasolini – 1968

Trata da desfragmentação de uma família burguesa, a partir da inserção de um objeto distinto, que rompe com a monotonia de pessoas sem vida. O objeto é um rapaz, que desperta paixão em todos os membros da casa: pai, mãe, filho, filha e empregada. Esta paixão inesperada, que gera um aumento libidinal repentino naqueles indivíduos, altera completamente comportamentos e postura diante da vida.
A desfragmentação familiar, ruptura total de um estilo de vida miserável, se efetiva por completo quando o rapaz repentinamente tem que partir. Todos surtam, cada um a seu modo, quebrando valores, perdendo-se por completo – ou encontrando-se?
O excesso libidinal desperta novos modos de sublimação: eleva todos a um novo plano. A tese de Pasolini é bem simples: o capitalismo tenta uniformizar os indivíduos. Mas a libido, ou o amor (quem sabe), é uma força capaz de transcender a massificação, negar os valores de toda uma vida e estipular uma nova realidade.
Resumindo: fodástico.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Duck Soup (1933), Irmãos Marx



Duck Soup (1933), Irmãos Marx

Podemos dizer que o Caos é cômico? Porra, sem dúvida. Com os três irmãos Marx (e não quatro, porque o quarto é só um fantasma, alguém sem talento, ou o caçula de quem os mais velhos tiveram dó e resolveram colocar no filme) o Caos é levado ao limite da comicidade.. Vai pra putaqueopariu! Caos total, piada após piada.
O filósofo Slajov Zizek tem uma teoria sobre os Irmãos Marx: cada um deles representa uma das funções do aparelho psíquico humano, segundo Freud: Grouxo é o Superego – mandão, quer sempre estar por cima, censura e reprime os demais - não por acaso é escolhido o presidente da Tomânia. Chico, representa um dos espiões do Estado vizinho, é o Ego: é o organizador das ações, o racional, o que melhor lida com a realidade. O último, Harpo, é o id: representa as pulsões, que em sua essência, são infantis – a energia libidinal em pessoa, desvairado, sem objetivos, só quer “gozar”.
Bem... as teorizações de Zizek são interessantes. É importante ressaltar o teor anárquico das comédias dos Marx. Anárquicos no sentido de caótico mesmo, sem noção, sem objetivo, finalidade, sentido. Um filme que te deixa perdido, pois não há uma continuidade, só comicidade. Assista!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

The Great Dictator (1940) - Charles Chaplin



The Great Dictator (1940) - Charles Chaplin

Certamente um dos maiores filmes da história do cinema. Não apenas porque Chaplin continua magnífico no papel que criara anos antes, o do trapalhão, cidadão simples, bondoso, cheio de misericórdia, compaixão, e claro, bom humor. E sim porque, pela primeira vez, utiliza a voz com maestria. Chaplin reconhece que é a voz humana que confere ao mundo os sentimentos, frustrações, angústias, delírios e prazeres de um ser. No caso, demonstra a ignomínia do nazismo através dos discursos de Hitler, onde a raiva, a aversão, a escrotidão humana em sua forma mais absoluta se impõe através de uma versão satírica da pronúncia da língua alemã. Com isto o mestre inglês ridiculariza, em absoluto, a ideologia nazista da superioridade racial, deixando clara a sua mensagem: a ignorância travestida em poder não pode, jamais, subjugar a humanidade. A comédia a serviço da humanidade. Humanismo chapliniano? Sim, sem dúvida. Ingenuidade? Que importa? Risos garantidos e uma ingênua esperança: um dia os seres humanos se entenderão. Bem Carlitos, esse dia ainda não chegou. Mas quem sabe....

domingo, 25 de janeiro de 2009

The General – Buster Keaton e Clyde Bruckman (1927)

The General – Buster Keaton e Clyde Bruckman (1927)


O que faz de um clássico um clássico? Talvez primeiro devamos tentar responder: o que é um clássico? Ora, alguma obra artística que marca uma época, que inova em algum sentido, e que se torna fonte de influência para gerações। Para ser mais exato: um filme sem época – eterno - que sempre que é visto por alguém, independente da década, ou mesmo da idade do espectador, causa comoção, arrebatação, aprazimento। "
Este é o caso de The General de Buster Keaton e Clyde Bruckman. Considerado por muitos críticos a maior obra-prima do ator, diretor, comediante e gênio norte-americano, A General, narra a história de um maquinista, Johnnie Gray, interpretado por Keaton, que tem dois grandes amores na vida: sua locomotiva, A General; e uma jovem, filha de um burguês de uma cidade sulina americana, prestes a entrar na Guerra Civil.
Mas, por que é um clássico? Porque, em primeiro lugar, a aparente ingenuidade da estória traz algo implícito, algo bastante marcante para os nossos tempos: a subordinação do homem à maquina: os tempos modernos, como Chaplin demonstrará brilhantemente poucos anos depois, é marcado por um avanço tecnológico que ao mesmo tempo que permite o progresso do capitalismo, subordina os homens às máquinas. Isto se apresenta no filme de forma contraditória: aqueles que detêm o domínio das máquinas, no caso o maquinista que utiliza sua locomotiva a favor de si e de seu exército, sairão vitoriosos. Quem deixar se escravizar pelas máquinas, quem não souber dominá-las, quem for seu escravo, principalmente em meados dos séculos XIX e XX, será, praticamente, um morto-vivo.
Ora, The General é um clássico, portanto, porque, além de todas as inovações que traz para o cinema - tanto para as técnicas de filmagem, quanto à prática da comédia - traz algo implícito, subjacente a sua beleza aparente: uma idéia. No caso, a ingênua e superficial idéia de que os homens devem dominar as máquinas, utilizá-las para seu benefício, e não para seu prejuízo. A idéia aqui é o algo mais por detrás da bela-forma. Mas isto não é suficiente para fazer um clássico. Aliás, o que é um clássico?