quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Madadayo - Akira Kurosawa - 1993

Madadayo - Akira Kurosawa - 1993


A vida é uma sucessão de rituais. Pequenas rotinas, repetidas à exaustão enquanto duramos. Desde o café-da-manhã de cada dia, ao almoço e o jantar em família, arrumar a cama antes de dormir, beijar a esposa e os filhos, podem ser resumidos como pequenas compulsões diárias, tarefas que não cansamos de repetir, e nunca nos perguntamos o porquê. A vida só pode ser desse jeito?

Para os povos orientais, principalmente para os japoneses, estes rituais são mais importantes. Deixam de ser simples repetição, mas se configuram como verdadeiros imperativos: as coisas TÊM de ser desse modo. É por isso que suas tradições são milenares, tudo é repetido incessantemente com a mesma solenidade e importância. O mais interessante: tudo parece natural, não parece forçado. Ocorre sempre como se fosse a primeira vez.

Madadayo é um filme sobre rituais. Uma vida ritualística, para ser mais preciso. Um professor recém-aposentado, adorado, glorificado pelo seus ex-alunos. Uma vida simples, marcada pelos rituais.

Um filme moroso, é verdade, como a maioria dos filmes orientais sérios. Moroso para nós, ocidentais, impacientes com os instantes, com o tempo desperdiçado, com a vida que se esvai. Madadayo traz consigo uma importante lição: a calma, a paciência, o "ainda não" que nos falta.

Que fique claro: não estou defendendo a letargia ou o conformismo, defendo a importância


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